No seculo XVII, o reino do Congo estava a ser dominado pelos portugueses . O cristianismo era a religião dominante. Na corte do reino do Congo, três familias reais lutavam pelo poder, influenciado pelos portugueses que queria ocupar e derrotar a nação Bakongo. Dentro desse todo problema cultural e político, foram surgindo varios profetas messiânicos. A mais importante entre estes, foi Kimpa Vita, uma jovem-moça que acreditava estar possuída pelo espírito Santo. Kimpa Vita marcou a gerações da historia do Reino do Kongo.
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NASCIMENTO DE KIMPA VITA

Antes do seu nascimento o povo Bakongo acreditava que com tempo iria surgir uma mulher que com sua sabedoria vai unificar o reino do Congo. No seculo XVII muitos congoleses estava a se coverter ao cristianismo. A nova religião ensinada pelos colonos, se espalhava por todo reino. Em 1684 Kimpa Vita Nasce, ela pertecia a uma familia nobre do Kongo, nos arredores de M'Banza Kongo, que na altura já não era capital do reino.

A IDEOLOGIA DE KIMPA VITA

A sua primeira profecia era que Deus (N'zambi) puniria o Kongo. Com o tempo, Kimpa Vita ficou doente e disse que o espirito de "Santo Antonio" (um santo católico conhecido no reino do Kongo) lhe tinha possuído. "Santo Antonio", era um padre católico considerado santo, que operava milagres". Tinha tanto poder que era respeitado e temido entre os africanos do Kongo. Kimpa VITA disse que o espiríto de Santo António no corpo dela lhe fazia ter contacto com o mundo espiritual. Ela Afirma também que todas as sextas-feiras iria morrer e só ressuscitaria todas as segundas-feiras! E durante o tempo em que estaria ou se mativesse "morta", receberia mensagem para reino do congo por meio de Santo Antonio. Não demorou muito tempo, Kimpa Vita começou a ficar famosa no reino do Congo. Muitas pessoas saiam distante para ir ter com ela em Mbaza congo.

Essas pessoas queria algum milagre em sua vida por causa da crise que assolava no reino do Congo.Quando Kimpa Vita morre na primeira sexta-feira" , os nobres do Kongo, entre politicos e militares controlavam o seu corpo para concretizar se a profecia sería realmente como ela afirmara. De acordo com os historiadores, o corpo de Kimpa Vita ficava totalmente imobilizado, na sua casa todas as sextas a noite; e as pessoas acreditavam que ela realmente tinha morrido e aguardavam pacientemente até segunda feira pela sua "ressureição". Na primeira segunda-feira de manhã, KIMPA VITA abria os olhos. O povo, incluíndo membros da corte real, passaram a temê-la. Quando Kimpa Vita acordou disse em Kicongo: "Deus ordena que M'banza Kongo seja restaurada como a Capital do Reino do Kongo, por ser a antiga Jerusalém em que nasceu Jesus Cristo. Cristo, Maria e todos os profetas eram do Kongo nasceram no Kongo e falavam Kikongo; todos os discipulos de Cristo eram do Kongo e Jerusalém era a cidade de M'banza Kongo; o Reino do Kongo deve ser reunificada em torno de um novo Rei a quem todo o povo deverá obediência; Nzamb ordenou-me a construír uma nova igreja diferente desta igreja catolica e todo o povo do Kongo deve converter-se a essa igreja e unir-se em torno do Rei Kongo". Apesar dela ter sido também baptizada como catolica, e ter recebido um novo nome português (Beatriz; Dona Beatriz), Kimpa Vita rejeitou todo e qualquer nome estrangeiro para ela e para o seu povo e denunciava como sendo nomes do Diabo. Os nomes de Deus eram os nomes africanos; Kimpa Vita anunciou que se o povo do Kongo enveredasse para a religião do homem branco corria risco de desaparecer e o Reino do Kongo seria ocupado, dividido e destruído para sempre. Kimpa Vita pregava que a salvação para o Kongo residía na unidade do povo. A nova doutrina de Kimpa Vita logo se tornou conhecida e desagradou bastante as elites catolicas e politicas coloniais portuguesas, que temiam perder influencia religiosa, cultural e politica entre o povo do Kongo. Para os colonos, Kimpa Vita era um perigo: estava a "abrir os olhos" dos africanos e a inspira-los a revolta contra o colonialismo. Para muitos africanos do Kongo, Kimpa era considerada uma mulher profeta, apesar de ser muito jovem.

OS CONFLITOS DE KIMPA VITA COM A IGREJA CATÓLICA

Ameaçados pelo poder popular e influência de Kimpa Vita, os sacerdotes portugueses chamaram Kimpa Vita de feiticeira e enviada do demonio. Buscando diálogo, Kimpa Vita enviou mensageiros para contactar diferentes sacerdotes portugueses para gerír os conflictos, mas estes recusaram pois não aceitavam a ideia de uma africana trazer uma nova religião, que praticamente "africanizava" todos os ensinamentos catolicos. O maior problema para Kimpa Vita era o facto de muitos dos principes do Kongo, particularmente do SOYO, na altura já estavam convertidos ao cristianismo católico, e portanto estavam debaixo da influência dos sacerdotes catolicos da região. Com a acusação de Kimpa Vita ser feiticeira, os principes do Kongo lançaram uma onda de perseguição sem tréguas contra ela e seus seguidores.
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Kimpa Vita encontrou grande resistência no SOYO: o povo e os principes, convencidos de que Kimpa Vita era feiticeira, passaram a persegui-la. Em 1706, Kimpa Vita deu a luz uma criança que ela alegou ter sido concebida pelo seu "anjo da guarda. Entretanto, Kimpa Vita continuava a pregar a ligação dos povos africanos com Deus. Para Kimpa Vita, o povo africano era o povo escolhido de Deus. A sua mensagem continuava a espalhar-se por todo o reino do Kongo e cada vez mais pessoas juntavam-se ao seu movimento.A mensagem de Kimpa agradou a um dos rebeldes Konguês que aspirava o trono e tinha o seu exercito. O seu nome Kikongo não é conhecido mas os registros portugueses o identificam como sendo um dos súbditos de Pedro IV (Pedro IV era um dos principes do Kongo. Não se sabe o seu nome em Kikongo, o facto de ser identificado com um nome português revela que era um príncipe convertido ao catolicismo). A ideia deste rebelde aspirante ao poder, era a de establecer Kimpa Vita como a profetisa do reino do Kongo, caso chegesse ao poder, e espalhar a doutrina de Kimpa Vita pelo reino, de modo a eliminar a doutrina catolica e a sua influência entre os africanos. Esta aliança colocou Kimpa Vita conectada com os rebeldes que lutavam para aspirar o trono e a perseguição contra ela intensificou-se.

CAP­TURA E MORTE

O sucesso da jovem KIMPA VITA não foi sem conssequências. A Inveja e a íntriga, para não mencionar a persseguição da igreja catolica e dos principes do Soyo contra ela sempre a acompanharam. Não demorou muito e aconteceu o que havería de acontecer, porque a profecia Kikongo já previa isso: Kimpa Vita e o seu filho foram capturados (1706) e ela foi acusada de "herege" e de feiticeira. Os milagres que ela fazia foram considerados de “kindoki”, ou seja, "makumba". A sentença foi logo ditada pela inquisição Catolica: pena de morte!
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Um dia após o seu julgamento e condenação, isto no dia 02 de julho de 1706, Kimpa Vita e o seu bebé foram queimados vivos nas fogueiras da inquisição católica, na região de "Evolulu", nos arredores de Mbanza Congo

O LEGADO

Kimpa Vita é considerada uma das primeiras mulheres africanas a lutar contra a dominação cultural e religiosa europeias. Ela fez algo que era inimaginável no seu tempo: desafiou as autoridades católicas portuguesas com uma nova doutrina pró-africana, que apresentava Cristo e os seus apóstolos como africanos (negros) e não brancos e loiros. Kimpa Vita foi ainda mais longe: na sua doutrina, Cristo e os apóstolos, tinham nascido no Kongo e tinham nomes africanos, e falavam kikongo. Dois séculos mais tarde, os ensinamentos de Kimpa Vita foram revitalizados por outro "profeta" das terras do Kongo. O seu nome era Simão KIMBANGU e os seus seguidores foram identificados como "Kimbanguistas". Simão Kimbangu revitalizou Kimpa Vita e certa vez questionou:"Porquê que Maria não foi chamada de feiticeira, mas sim Kimpa vita, será que era por ser negra e africana? Para nós Kimpa Vita é uma profeta. Profetisa do Kongo, profetisa dos africanos".


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